Bebês prematuros que nascem com pouco peso correm um risco até dez vezes maior de complicações e de mortalidade logo após o nascimento, comparados àqueles que nascem com peso normal, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ajudá-los a ganhar peso nesse período, portanto, é um grande desafio para os profissionais de saúde. E uma prática já usada com esse intuito em alguns hospitais do Nordeste teve sua eficácia confirmada por um estudo da Universidade Federal do Ceará: a técnica de deixar os bebês descansando em redes durante a internação.
De acordo com os pesquisadores do Curso de Medicina de Sobral da Universidade Federal do Ceará, que empreenderam a investigação, o tempo de sono e sua qualidade são fatores importantes para que haja aumento de ganho de peso e de crescimento de bebês prematuros. Na busca por novos métodos para elevar esse peso em prematuros internados, eles observaram que a rede de dormir usada em casa induzia o sono e o relaxamento com mais rapidez, e decidiram estudar o uso do utensílio dentro do ambiente hospitalar.
Eles acompanharam recém-nascidos prematuros no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Sobral, de julho de 2022 a outubro de 2023. Foram analisados 60 bebês, divididos em quatro grupos de 15, nos quais procedimentos diferentes foram aplicados. Em um dos grupos, os prematuros foram submetidos ao posicionamento de rede e, em outro, foi aplicada a técnica da hidroterapia. No terceiro grupo, foram combinados esses dois métodos e, no quarto, os recém-nascidos tiveram cuidados das equipes profissionais de plantão, sem receber terapias complementares.
Os resultados do experimento mostraram que o posicionamento de rede foi a técnica que garantiu, de forma isolada ou em associação à hidroterapia, os melhores resultados no ganho de peso dos bebês. O uso de alternativas farmacológicas é prevalente nas maternidades, mas as conclusões do estudo trazem perspectivas promissoras, com técnicas que são seguras, simples e economicamente baratas, comparadas a outras terapias para ganho de peso.
“Prematuros precisam estar relaxados para que consigam ganhar peso de forma significativa e se desenvolver. A tese é que o uso da rede de forma isolada ou associada à hidroterapia atua simulando de forma regressiva as características tranquilas do ambiente intrauterino que foram perdidas precocemente por esses bebês”, esclarece um dos autores do estudo, o pediatra Francisco Placido Arcanjo, professor do Campus da UFC em Sobral.
Os pesquisadores reforçam que o uso da técnica não é indicado em ambientes domiciliares, por pais e responsáveis pelos bebês prematuros. “Essas técnicas devem ser restritas a protocolos hospitalares, por haver riscos de quedas e asfixias, caso não haja seguimento dos protocolos de monitorização e de segurança”, reforça o pesquisador Jeferson Justino, também autor do estudo.
O assunto é tema de reportagem da Agência UFC, o veículo de divulgação científica da universidade. O material completo traz mais informações sobre os procedimentos e resultados da pesquisa e sobre como a técnica atua nos bebês prematuros.
Fontes: Francisco Placido Arcanjo, Doutor em Pediatria e professor do Campus da UFC em Sobral - E-mail: franciscoplacidoarcanjo@gmail.com / Jeferson de Sousa Justino, Mestre em Ciências da Saúde - E-mail: jefersonsousajustino@gmail.com
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