Em um mercado estético acelerado por modismos, Caroline Scoz aposta na escuta, no tempo e na ciência como formas de cuidar da pele e das pessoas
O setor de estética movimentou cerca de 27 bilhões de dólares no Brasil em 2024 e deve alcançar 41,6 bilhões até 2028, segundo a consultoria Mordor Intelligence. O país já é o terceiro maior mercado do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China. O crescimento é visível, assim como a diversidade de ofertas em cuidados com a pele, fragrâncias e cosméticos. Mas nem sempre esse avanço vem acompanhado de profundidade.
A busca por resultados rápidos segue pressionando profissionais, e é nesse ponto que a abordagem de Caroline Scoz propõe um desvio de rota. Especialista em laser e tecnologia aplicada à estética, além de mentora de profissionais que atuam nessa área, Caroline construiu sua reputação ao desacelerar onde o setor acelera. Em um ambiente que cresce impulsionado por redes sociais, intervenções apressadas e promessas instantâneas, a profissional valoriza o que acontece antes do toque do aparelho: a escuta atenta, o cuidado individualizado e a avaliação clínica rigorosa.
Na clínica de estética em que atua em Curitiba, ela atende pacientes que chegam com referências visuais da internet e desejos moldados por tendências. "É comum alguém pedir um procedimento porque viu na rede social, mas a queixa real costuma ser outra. Cabe a mim traduzir expectativa em necessidade clínica", afirma.
Seu protocolo, desenvolvido ao longo de mais de uma década, prioriza o vínculo com a paciente e a escuta verdadeira. “O paciente sempre chega com uma expectativa maior do que a realidade, e o papel do profissional é trazer equilíbrio”, defende. Quando percebe que o desejo do paciente não se alinha com o que é viável ou saudável, orienta a não seguir ou mudar a trajetória: "Existe uma pressão pelo sim na estética. Mas o não do profissional da saúde também é terapêutico, pois protege autoestima, saúde e confiança", diz Caroline.
Para tanto, seu atendimento começa longe dos equipamentos. O primeiro passo é a análise da rotina do paciente, incluindo o histórico de saúde, a qualidade do sono, a alimentação, a exposição solar e o uso de proteção. A indicação (ou não) para laser, radiofrequência ou ultrassom microfocado só vem depois. "Afinal, a tecnologia não substitui o cuidado diário; ela potencializa", reforça Caroline.
Do cuidado à ciência: a trajetória de Caroline Scoz na estética
Caroline Scoz tem mais de 20 anos de experiência no uso de laser aplicado à estética, tanto na prática clínica quanto na formação de profissionais. À frente da Sul Laser, empresa que atua com locação de equipamentos, consultoria e capacitação técnica, Caroline consolidou uma reputação que cruza a fisioterapia estética com a física aplicada e a ética do cuidado. Seus alunos a conhecem como exigente; seus pacientes, como cuidadosa.
A construção dessa autoridade não foi linear. Caroline começou a vida profissional certa de que seria diplomata. Estudou Relações Internacionais e fez intercâmbio. Contudo, no último ano da graduação, ao visitar uma UTI neonatal durante um congresso no Rio de Janeiro, viveu uma espécie de epifania: “Vi um fisioterapeuta atuando e me emocionei. Aquilo me tocou de um jeito que a diplomacia nunca tinha tocado”, lembra.
Decidida a trocar de curso, enfrentou resistência inicial dos pais, mas seguiu em frente. No início da fisioterapia, sua atenção estava voltada ao ambiente hospitalar. Atuou em oncologia, acompanhou pacientes terminais e chegou a publicar artigo sobre fisioterapia neonatal em UTI. A dor da perda de pacientes, no entanto, a fez repensar se seguiria este caminho profissional.
A aproximação com a estética veio aos poucos, por necessidade. Ainda na faculdade, recebeu convite para atuar com laser em uma clínica de estética, e o interesse técnico veio rápido. Naquela época, o Brasil engatinhava na aplicação estética do laser, e Caroline viu espaço para aprofundamento. Fez cursos, mergulhou na literatura, e iniciou um mestrado em Tecnologia da Saúde — depois migrado para Física. “Nesse mestrado focado em laser, eu queria entender o que realmente acontecia com o tecido, com a célula, com a energia”, conta Caroline.
A qualificação técnica abriu portas para experiências fora do país. Contratada por uma rede inglesa de SPAs de alto padrão, atuou em navios da realeza britânica e ajudou a padronizar protocolos estéticos em Londres e, depois, na Califórnia.
A carreira internacional foi interrompida quando a mãe adoeceu. E, de volta a Curitiba, fundou com o irmão a empresa Sul Laser, voltada à locação de equipamentos médicos para fins estéticos, ginecológico, vascular, entre outros. Com o tempo, a empresa passou a oferecer também cursos e consultoria técnica, tendo Caroline como instrutora e mentora. “Mais que equipamento, ofertamos a capacitação, o raciocínio e o suporte, porque, sem isso, o laser vira risco”, destaca a especialista.
Em paralelo, Caroline mantém sua atuação clínica, na qual testa protocolos, acompanha resultados e mantém o contato com o que chama de “a essência do cuidado”.
Hoje, 21 anos após o primeiro contato com o laser, ela constrói sua marca em uma área que ainda oscila entre ciência e superficialidade. Sua resposta a essa tensão tem sido a mesma desde o início: conhecimento, escuta e respeito. Em cada atendimento, em cada aula, em cada decisão empresarial, Caroline afirma que a estética não é só sobre aparência — é sobre reconhecer o que o outro veio buscar. “A estética pode sim ser transformadora, mas precisa ser feita com consciência”, conclui Caroline.
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