segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

CENSURA DA IGREJA CATÓLICA? Dom Odilo transfere padre Júlio Lancellotti de paróquia em São Paulo e veta uso das redes sociais

Nesta segunda-feira uma notícia estarrecedora deixou sem chão os católicos progressistas e todos os que admiram o trabalho da Pastoral Povo da Rua: dom Odílio Scherer, arcebispo de São Paulo, transferiu o padre Júlio Lancellotti da paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, onde ele atua há 40 anos. Para onde? Ninguém sabe.
Que motivos levariam dom Odílio a tomar decisão tão drástica em pleno final de ano? Que forças ocultas levariam o arcebispo a abrir mão de um homem dedicado a cuidar sem descanso da população mais vulnerável da cidade?
O fato é que na quarta-feira passada, dia 10 de dezembro, padre Júlio recebeu uma carta assinada por dom Odílio comunicando sua transferência e, também, sua decisão de proibir o padre de fazer uso das redes sociais. Também foi vedada a transmissão online de suas missas dominicais, acompanhadas por católicos de todo o Brasil e do exterior. Com seu discurso poderoso, padre Júlio deixava sempre explícita sua defesa das pessoas invisibilizadas pela sociedade - aquelas em situação de rua e também a população LGBTQIA+. E isso, claro, incomoda muita gente.
Por que dom Odílio, que em abril se aposenta, se dá ao trabalho de impedir o trabalho do padre Júlio numa paróquia que nunca foi cobiçada por ninguém? Será que a visibilidade, a autoridade e a popularidade do padre Jùlio causam tanto ciúmes, ira, inveja, a ponto de o arcebispo determinar que em janeiro ele já não esteja mais ocupando o lugar que sempre foi dele por direito e por trabalho diário? Será que suas recentes manifestações em favor do povo palestino o prejudicaram? Será que católicos incorporadores imobiliários e políticos de direita pressionaram para que ele desocupe a área?
As hipóteses são inúmeras. O fato é que o povo em situação de rua não pode abrir mão do carinho do padre e de sua equipe, que prestam um trabalho dos mais humanistas no trato de nossos irmãos sem voz nem vez.
Pedimos publicamente que dom Odílio reveja sua decisão autocrática e mantenha padre Júlio em sua paróquia. Esperamos que católicos de todo o Brasil se unam em favor do padre, que também se encontra em idade avançada, mas tem coragem de sobra para persistir em sua luta.
Seu último projeto, a Biblioteca Wilma Lancellotti, na rua Sapucaia, no Belém, vem fazendo um trabalho lindo, oferecendo literatura e rodas de conversa para seu público alvo: justamente as pessoas em situação de rua. O que acontecerá com ela, que acabou de ser inaugurada e hoje reúne cerca de 3 mil volumes doados?
Queremos padre Júlio falante, pleno, guerreiro como sempre foi, à frente da sua paróquia, distribuindo café da manhã e atendendo às necessidades de quem não tem onde morar. Tirá-lo de lá é de uma crueldade sem limites e um desrespeito com todos aqueles que o apoiam.

Denise Ribeiro, jornalista e voluntária da Biblioteca Wilma Lancellotti
  

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