quarta-feira, 26 de novembro de 2025

A artista visual Alice Dote apresenta “O Nome Disso não é Fome”, sua primeira exposição individual

A mostra conta com 20 telas e uma vídeo-instalação e acontece no Centro Cultural Banco do Nordeste com visitação gratuita desde o dia 22 de novembro

A artista visual e pesquisadora Alice Dote apresenta sua primeira exposição individual intitulada “O Nome Disso não é Fome”, a abertura aconteceu dia 22 de novembro no Centro Cultural Banco do Nordeste e tem curadoria de Eduardo Bruno e Waldírio Castro.
A mostra reúne 20 pinturas a óleo produzidas entre 2025 e 2026 e uma video performance em que a artista investiga o olhar do desejo na pintura, compreendendo-a como um processo erótico capaz de figurar o desejo e criá-lo nos espectadores dessas imagens.
Partindo de imagens fotográficas de nus e naturezas-mortas capturados pelo próprio olhar, Alice Dote compõe um universo que questiona as hierarquias de gênero historicamente estabelecidas entre quem vê e quem é visto.
Se a tradição da arte ao longo da história consolidou o homem como quem olha e registra e a mulher como esse objeto de contemplação, a artista subverte essa lógica ao ocupar o lugar de quem observa, recria e compartilha desejo com o outro.
“Minhas ‘musas’ são homens que dispo, observo e com quem dialogo através da pintura. Não para reproduzir um sistema, mas para embaralhar domínios, desejos e identidades”, afirma Alice.
O projeto curatorial idealizado por Bruno e Castro tensiona o espaço expositivo como lugar de encontro e fricção. Corpos e objetos dividem o mesmo território visual, desafiando a hierarquia entre gêneros da pintura e entre os próprios corpos que habitam o desejo. O espaço do Centro Cultural onde a mostra acontece é um corredor, depois de acessá-lo, não há como voltar atrás, é preciso ir até o fim — isso também foi pensado pelos curadores e por Alice: é preciso encarar o desejo, sem temê-lo.
Nas obras que exploram a nudez explícita, um espaço reservado foi pensado com classificação indicativa +18, não como limitação, mas como um dispositivo poético: o segredo torna-se também matéria do erotismo. Além disso, Alice deixa uma pergunta: o que é o erótico? Será apenas a nudez?
A mostra propõe, assim, um ambiente onde o olhar é continuamente provocado, tal como o próprio processo de criação da artista.
Ao todo, a exposição fica em cartaz durante quatro meses; nesse tempo, o público poderá participar de ações propostas pela artista, como visitas guiadas, uma prática de pintura com modelo vivo e uma roda de conversa sobre erotismo e arte, com os artistas e pesquisadores Raisa Christina e Cláudio Rodrigues.
Entre o corpo e a tela, entre o íntimo e o político, a pintura que Alice Dote constrói é antes de tudo um espaço de desejo compartilhado.

Alice Dote
Alice Dote (1992, Fortaleza/CE) é artista visual e pesquisadora. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará.
Na pintura a óleo, no desenho, na gravura, tem desenvolvido uma produção de matriz autobiográfica, na simultaneidade da mulher e da criança, da cidade e da casa, do desejo e da morte, de eros e tânatos. Se interessa pelo erotismo como procedimento, pesquisando gestos e superfícies de envolvimento com a carne da imagem.

Serviço:
Abertura da exposição “O Nome Disso Não é Fome”, de Alice Dote
Dia 22 de novembro
Centro Cultural Banco do Nordeste – R. Conde d’Eu, 560 – Centro, Fortaleza
Gratuito

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