quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Letícia Spiller volta aos palcos com comédia ácida sobre os dilemas do amor moderno

Em entrevista ao DIVIRTA-CE, atriz fala sobre reencontro com Marcelo Serrado, carreira multifacetada e temas contemporâneos de “Avesso do Avesso”

A atriz Letícia Spiller volta aos palcos com uma estreia especial no Ceará. Ela e Marcelo Serrado, amigos há mais de três décadas, protagonizam o espetáculo Avesso do Avesso. A comédia ácida — dirigida por Marcelo Saback e escrita por nomes como Tati Bernardi, Aloísio de Abreu e Claudia Tajes — já foi assistida por mais de 25 mil pessoas no Brasil, e marca o reencontro cênico da dupla, que contracenou nas novelas Quatro por Quatro e O Sétimo Guardião.

Com uma encenação minimalista que aposta na química entre os intérpretes, o espetáculo costura esquetes sobre temas da contemporaneidade como swing, dependência digital, relações tóxicas e o machismo. Tudo isso com humor, crítica e sensibilidade artística. No palco, Letícia dá vida a mulheres que enfrentam dilemas modernos — e empresta às personagens sua trajetória de atriz, poeta, escritora e mãe.

Em entrevista ao DIVIRTA-CE, Letícia comenta o processo criativo da peça, sua relação com a comédia e sua aposta na arte como transformação. A atriz também celebra o Projeto Conexão, idealizado pelo Instituto Siará Cultural em parceria com a 101 Produções, que leva grandes espetáculos a novas praças e propõe conexões potentes entre arte, território e público.

DIVIRTA-CE - Como é dividir o palco com um amigo de 35 anos como Marcelo Serrado em sua primeira parceria cênica? O que você buscou trazer de sua vida pessoal — como mãe e escritora — para compor suas personagens? Como sua formação como poeta, escritora e cantora influenciou sua sensibilidade em comédias contemporâneas como Avesso do Avesso?
LETÍCIA SPILLER - Dividir o palco com o Marcelo é maravilhoso! Somos amigos de longa data, o que já nos tranquiliza muito (rs) e ele é muito generoso e divertido! Ter esse reencontro cênico com ele no teatro é um presente.
As cenas não são realistas; é como se tivesse uma lente de aumento em cada situação. Mas claro, nós somos a nossa própria maior bagagem de emoções, então empresto as minhas e me divirto muito também. É a primeira vez que atuo em uma comédia contemporânea no teatro; uso as ferramentas que tenho para isso. Seja no improviso, no canto e na minha capacidade de acrescentar ou sugerir alguma mudança.

DIVIRTA-CE - Em que medida temas atuais como machismo, feminismo ou dependência de celular refletem sua visão pessoal? Ao atuar em cenas sobre relações modernas e swing, como você encontra o equilíbrio entre leveza e crítica social?
LETÍCIA SPILLER - Acredito que com humor podemos falar com leveza sobre temas relevantes, criticando de forma bem-humorada. E acho muito bom falarmos sobre esses temas abertamente e escancará-los através da comédia. Os textos são muito bons. Já está tudo ali: leveza e crítica bem equilibrados.

DIVIRTA-CE Qual o impacto dos textos de dramaturgos como Tati Bernardi ou Aloísio de Abreu em sua interpretação das esquetes?
LETÍCIA SPILLER - Nesses dois textos especialmente estamos falando sobre relacionamento tóxico, narcisismo e submissão. São dois tapas na cara, mas garanto que as pessoas dão gargalhadas, seja porque identificam histórias de pessoas próximas ou não, e também porque já passaram por alguma situação parecida.

DIVIRTA-CE - Com tantos autores diferentes escrevendo esquetes, como você mantém coerência dramática e fluidez na narrativa? O que significa para você que o Projeto Conexão seja uma iniciativa cultural inédita com foco na democratização do acesso?
LETÍCIA SPILLER - Temos alguns códigos de mudança, seja na linguagem corporal, no próprio texto, na música, na mudança de luz.
Acho importantíssimo o trabalho do Projeto Conexão, que leva arte para todo Brasil, e torço para que se expanda ainda mais. Estou muito feliz em ir para São Luís do Maranhão, praça que ainda não me apresentei.

DIVIRTA-CE - Como artista e mulher, o que espera provocar no público ao interpretar essas crises modernas? Ao revisitar sua carreira (televisão, teatro, literatura e música), o que você mais vê de evolução em termos artísticos?
LETÍCIA SPILLER - Espero sempre que as pessoas reflitam e se transformem de alguma forma. Vejo mudanças muito positivas como representatividade, mais protagonismo para pessoas pretas e inadmissibilidade para abusos. Mas ainda temos muito que evoluir.

DIVIRTA-CE - Como convive com a diversidade de sua carreira: atriz de novela, teatro, poeta, escritora — o que te dá mais prazer na atualidade? Além do espetáculo, tem algum projeto na TV ou streaming?
LETÍCIA SPILLER - Eu amo muito meu ofício em todas as suas linguagens possíveis. Estou com vários projetos para acontecer e estrear, como por exemplo o filme Macunaíma, que ainda está sendo rodado. A série Verônica, da Globoplay, projetos para cinema e teatro que estão por começar. Tem um filme que começo a trabalhar agora em agosto.


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