Humorista e ventríloquo, referência no Ceará, enfrentava há anos o Parkinson e vivia em casa de repouso
Morreu na manhã de terça-feira, 4 de novembro de 2025, o artista Augusto César Barreto de Oliveira, conhecido artisticamente como Augusto Bonequeiro. O pernambucano radicado em Fortaleza tinha 74 anos e vinha tendo a saúde fragilizada nos últimos anos; a informação do óbito foi confirmada por veículos locais e por notas de órgãos culturais.
Bonequeiro construiu mais de quatro décadas de carreira como humorista, ventríloquo e mestre do teatro de bonecos — linguagem que ajudou a fortalecer no Ceará e no Nordeste. Natural de Escada (PE), mudou-se para Fortaleza na década de 1980 e tornou-se figura central da cena cultural local, com programas de televisão, espetáculos e ações formativas.
Nos últimos anos o artista convivia com doenças neurodegenerativas: relatos da imprensa apontam que ele teve diagnóstico de Parkinson e também foi informado que enfrentava quadro de Alzheimer, condição que o levou a viver em uma casa de repouso e a ter acompanhamento familiar e médico. As publicações noticiaram que seu estado de saúde se agravou após a pandemia, e que a causa específica do falecimento não havia sido oficialmente divulgada até o fechamento das reportagens.
Reconhecimento e legado
Figura carismática e versátil, Bonequeiro ficou conhecido por personagens e por levar aos palcos e à televisão uma combinação de humor, crítica social e tradição popular. Foi agraciado com o título de Mestre da Cultura do Ceará em reconhecimento ao trabalho de preservação e difusão do teatro de bonecos. Ao longo da carreira fundou grupos e núcleos voltados à linguagem, participou de programas locais e nacionais e influenciou gerações de bonequeiros e humoristas da região.
Colegas, amigos e órgãos culturais publicaram notas de pesar nas redes e em portais locais, destacando a importância do artista para a cultura popular e a força de sua presença cênica — tanto pela técnica quanto pela capacidade de criar personagens com voz própria. Em 2024, colegas do humor organizaram shows beneficentes para colaborar com os custos de tratamento e assistência ao artista, gesto que atestou a estima de sua classe.
Velório e homenagens
Fontes locais informaram que o velório foi iniciado na tarde de quarta-feira no Centro de Velório Afagu Sul, em Fortaleza, com cerimônia de corpo presente programada para a manhã seguinte; familiares e representantes da cena cultural do Estado participaram das homenagens. Secretarias e entidades ligadas à cultura lamentaram a perda e anunciaram que devem organizar registros e iniciativas para preservar a memória de suas obras e personagens.
Por que Bonequeiro importava
Além do talento como manipulador e da voz ácida de seus bonecos, Augusto Bonequeiro foi um articulador — ajudou a institucionalizar práticas do teatro de bonecos no Ceará, formou núcleos, realizou oficinas e transformou a linguagem em ferramenta de educação e mobilização cultural. Sua trajetória mostra como um ofício tradicional pode dialogar com o humor contemporâneo e permanecer relevante para plateias diversas.
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